A Estratégia do Louco: Por que Líderes Políticos Fingem Ser Irracionais
- Brajeiradas criação de cont.

- 13 de ago.
- 3 min de leitura

By Fabrício Barbosa
Data: 05/08/2025
Outro dia tive a oportunidade de assistir uma reportagem de Paula Adamo Idoeta na BBC News Brasil que me apresentou a "Teoria do Louco", um conceito da ciência política que confesso, ainda não tinha conhecimento mas, que me fez pensar profundamente. Como podemos entender as atitudes de líderes e figuras públicas que abraçam e promovem temáticas retrógradas, como o nazismo, o fascismo e a ditadura militar? A teoria do louco nos oferece uma perspectiva para analisar esse comportamento que, infelizmente, ainda não superamos.
Em sua essência, a teoria do louco é uma estratégia deliberada, mas arriscada, em que um líder político age de forma imprevisível e, aparentemente, irracional. O objetivo não é ser de fato insano, mas sim convencer seus adversários e rivais de que ele é capaz de fazer qualquer coisa — até mesmo as mais impensáveis.Pensem comigo: se você está negociando com alguém que age de maneira totalmente lógica e previsível, você consegue antecipar seus movimentos. Mas e se a pessoa ao seu lado parece desequilibrada, sem seguir nenhuma regra? De repente, você fica com medo do que ela possa fazer e, para evitar um confronto, acaba cedendo mais do que gostaria. É exatamente essa a lógica da teoria.Essa ideia não é nova. Ela tem suas raízes na Guerra Fria, um período de grande tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética. A teoria foi estudada por pensadores como o prêmio Nobel Thomas Schelling e o analista militar Daniel Ellsberg. Líderes como o presidente Richard Nixon, por exemplo, admitiram ter usado essa tática. Ele teria dito a seus assessores para espalhar a notícia de que ele era "louco" e que, se não chegassem a um acordo, ele estaria disposto a tudo.
Recentemente, a teoria voltou aos holofotes, principalmente com a atuação do presidente americano Donald Trump. Muitos analistas e sociólogos apontaram que suas atitudes — como a imposição de tarifas inesperadas a países aliados, ameaças a nações rivais e declarações polêmicas — seguiam essa mesma linha. O objetivo era desestabilizar seus oponentes e forçá-los a negociar em seus termos.
No entanto, a teoria do louco é um jogo perigoso. Ela tem uma série de riscos importantes:
Pode dar errado: A estratégia pode ter o efeito oposto. Em vez de assustar os adversários, pode encorajá-los a se unirem contra o líder ou a tomarem atitudes ainda mais drásticas.
Perda de credibilidade: Se um líder usa essa tática o tempo todo, os aliados podem começar a questionar sua confiabilidade. Ninguém quer ter um parceiro imprevisível.
O "blefe" pode ser descoberto: A principal fraqueza dessa estratégia é que, se os adversários percebem que as ameaças são apenas um blefe, ela perde todo o seu poder. Ninguém teme um louco que nunca cumpre suas promessas.
Uma Reflexão Necessária: O Fim do "Plano Brilhante"

E aqui, entra uma reflexão que considero essencial. Nós, seres humanos, temos uma necessidade quase compulsiva de racionalizar o irracional, de impor ordem ao caos. É muito mais reconfortante pensar que o absurdo tem uma lógica oculta, uma genialidade mal compreendida. É mais fácil aceitar a "Teoria do Louco" como um plano estratégico do que admitir uma verdade mais incômoda: às vezes, a realidade é bem mais simples.
Nem toda ação destrutiva esconde um plano secreto. Nem toda atitude chocante é parte de uma tática genial. A história e a política também estão cheias de pessoas que agem por mau-caratismo, por burrice, por vaidade ou por pura irresponsabilidade. Não é loucura. Não é um plano de mestre. É apenas o ruído humano, performado com arrogância e disfunção.
O verdadeiro problema, talvez, seja a nossa insistência em buscar um sentido profundo onde só existe irresponsabilidade. A teoria do louco, por mais fascinante que seja, pode acabar nos servindo de muleta, uma desculpa intelectual para evitar a verdade: que alguns líderes são apenas... maus líderes.








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Excelente matéria sobre "A ESTRATÉGIA DO LOUCO". Em grande medida é isto que está acontecendo algures, alhures...