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Atualizado: 6 de dez. de 2024

A Miopia da Bolha uma reflexão necessária para sair das cavernas!

By: Fabrício Barbosa

20/09/2024

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Vivemos cercados por bolhas. Bolhas sociais, ideológicas, digitais entre outras. A experiência moderna intensificou nossa tendência de nos isolarmos em pequenos mundos construídos pelas informações que selecionamos, e pelas relações que mantemos, além dos algoritmos identificando nossas preferencias. Porém, ao nos fecharmos nessas bolhas, corremos o risco de desenvolver uma "miopia" particular e em muitos casos desequilibrada, que nos impede de enxergar além dos limites que criamos ou que foram impostos a nós em muitas vezes até pela tecnologia empregada.

Essa tal "miopia da bolha" pode ser vista como uma manifestação do mito da caverna de Platão. Assim como os prisioneiros na caverna, que só enxergam sombras projetadas na parede e acreditam que elas são a realidade, nós, quando estamos dentro de bolhas, acabamos confundindo o que vemos com a totalidade do mundo. As sombras do nosso pequeno círculo de convivência e principalmente das nossas redes sociais criam uma ilusão confortável, mas certamente limitante.

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A ideia de sair da caverna — de romper a bolha — é, por um lado, aterradora, pois exige encarar o desconhecido, mas, por outro, necessária para nos libertarmos das amarras da visão estreita e entender que existem pontos de vista diferentes que devem conviver harmonicamente.

Se pensarmos no viés político, a miopia da bolha tem consequências ainda mais profundas. Quando estamos inseridos em um ambiente onde todas as opiniões reforçam as nossas próprias crenças, ficamos cegos às complexidades do mundo e às perspectivas alheias. Grupos políticos ou ideológicos, muitas vezes, funcionam como caixas que

reverberam apenas aquilo que queremos ouvir,

alimentando ideias e narrativas que nos isolam das questões reais e mais amplas que afetam o todo de nossa sociedade. Esse fenômeno não apenas limita a compreensão, mas também mina o diálogo, a geração de ideias, a criação de soluções novas para problemas antigos. A polarização, tão evidente em diversas democracias na atualidade, é o resultado direto dessa dinâmica: cada lado preso em sua bolha, incapaz de ver o outro como legítimo ou de reconhecer a pluralidade de pontos de vista.

A questão é que, quando todos estão dentro de suas bolhas, a verdade torna-se fragmentada, distorcida por lentes ideológicas ou interesses particulares. O risco é que o espaço público, que deveria ser o lugar de encontro e debate, transforma-se em um campo de batalha de narrativas desconectadas da realidade concreta. A política, nesse cenário, torna-se um jogo de reafirmação de posições já estabelecidas, e não um processo de construção coletiva.

Romper essa miopia exige esforço, tanto pessoal quanto coletivo por isso é necessário o exercício constante de questionar nossas certezas, de buscar a alteridade — a compreensão do outro.

Politicamente, é preciso abrir espaço para o dissenso genuíno e para o reconhecimento de que a diversidade de ideias é essencial para o progresso social. Afinal, o que nos torna humanos não é a capacidade de ficarmos presos em caixas, mas a coragem de sair delas, enfrentar o desconhecido e construir juntos uma visão de mundo mais ampla e justa.



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