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Fecham-se escolas, abrem-se prisões: Fechar escolas é fechar futuros

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By: Valter Israel

Data:08/09/2025

O fechamento de escolas públicas, especialmente em áreas rurais e periféricas, revela mais do que uma simples decisão administrativa: é um sintoma da recusa histórica em tratar a educação como prioridade de Estado. Quando gestores justificam o encerramento de uma unidade escolar por “alto custo” ou “baixa demanda”, deslocam o debate do campo dos direitos sociais para o da contabilidade fiscal, como se a vida, os sonhos e as possibilidades de futuro das crianças pudessem ser reduzidos a uma planilha de despesas.

	Cada escola fechada significa comunidades desestruturadas, famílias obrigadas a percorrer longas distâncias, crianças cansadas, aumento da evasão escolar e um ciclo de exclusão que se reproduz ao longo de gerações. O recado implícito é cruel: o Estado só investe onde há retorno econômico imediato, como se os pobres não fossem dignos de políticas públicas de qualidade.

As consequências são profundas. A ausência de investimento em educação não apenas limita oportunidades, mas também alimenta a desigualdade estrutural. Jovens privados de ensino adequado encontram mais barreiras para acessar a universidade, o mercado de trabalho e a vida digna. Ao invés de oferecer oportunidades, o Estado frequentemente responde com repressão: aumenta o investimento em segurança e encarceramento, enquanto reduz recursos para escolas.

Assim, o que poderia ser transformado pela educação libertadora acaba sendo tratado como problema de polícia. A falta de escola abre caminho para a criminalização da pobreza: jovens sem acesso a direitos são estigmatizados, perseguidos e empurrados para o sistema penal. Em vez de abrir portas, a sociedade fecha muros.


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Manter escolas abertas, sobretudo no campo e nas periferias, é mais do que preservar prédios: é afirmar o direito à cidadania, é investir no futuro e na dignidade de cada criança. Quando se fecha uma escola, o que se fecha é a esperança de uma geração inteira.


Por isso, lutar pela manutenção das escolas públicas ameaçadas, é lutar contra o ciclo de abandono e criminalização que pesa sobre os mais pobres. É afirmar que a educação não é gasto, mas investimento na vida e na justiça social.


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