Comunicadores Populares: Vozes que Transformam Realidades
- Valter Israel

- 4 de jun.
- 3 min de leitura

By: Valter Israel da Silva
Coordenador do Coletivo Nacional de Comunicação do MPA
Data:04/06/2025
A comunicação é, em sua essência, um processo de troca — de informações, ideias, sentimentos e saberes. Ela aproxima pessoas, fortalece laços e constrói significados coletivos. Quando falamos em comunicação popular, estamos nos referindo àquela que nasce do povo, reflete suas realidades e amplifica suas vozes.
O termo "popular" está ligado ao que é criado, vivido e compartilhado pela comunidade. São expressões que vêm das bases, como a cultura popular — festas juninas, carnaval, literatura de cordel e outras manifestações que carregam a identidade de um povo — ou a linguagem popular, com suas gírias, provérbios e formas de falar que revelam a riqueza e a criatividade das comunidades.
Diferente da mídia tradicional, que muitas vezes prioriza interesses comerciais, a comunicação popular é uma ferramenta de inclusão, empoderamento e transformação social. Ela é construída pelo e para o povo, com princípios como protagonismo comunitário, onde as pessoas são donas de suas próprias narrativas; diálogo horizontal, sem hierarquias; linguagem acessível, que fala diretamente ao coração da comunidade; e foco na transformação, informando, conscientizando e mobilizando em defesa de direitos e justiça social.

No Brasil, essa comunicação ganha vida através de rádios comunitárias como a Rádio Favela, em Minas Gerais, ou a Rádio Rocinha, no Rio de Janeiro, que informam e dão voz aos moradores. Manifesta-se também em jornais e fanzines locais, que destacam conquistas e desafios das periferias e zonas rurais; na literatura de cordel, que educa e preserva histórias; no grafite e na arte de rua, que transformam muros em mensagens de resistência; e nas redes sociais comunitárias, que organizam ações e combatem desinformação. No Movimento dos Pequenos Agricultores são produzidos o MPA Informa, o TVMPA, matérias para o site e postagens nas redes sociais e produção de livros e cartilhas, como principais mecanismos de comunicação. O Ponto de Cultura Brajeiradas, através do Brajeiradas Casual, do Brajeiradas S/A, do Blog do Brajera e de seus documentários, busca ser um portal da cultura e também dar espaço para diferentes vozes, do mundo da cultura, da comunicação, das artes, das periferias e do campo, oriundas de diferentes raças, credos e religiões.
A comunicação popular é essencial porque amplifica vozes silenciadas, fortalece a democracia, combate a desinformação, preserva culturas e memórias, e cria laços de solidariedade.
O comunicador popular, mais do que um transmissor de informações, é um agente de mudança — alguém que pertence à comunidade, conhece suas necessidades e sonhos, e usa criatividade e adaptabilidade para alcançar as pessoas, seja através de carros de som ou redes sociais.
Aprendendo na prática, esses comunicadores valorizam os saberes dos mais velhos, experimentam formatos que realmente dialoguem com o público e trabalham em colaboração, trocando conhecimentos e recursos. Enquanto a mídia tradicional muitas vezes reforça estereótipos, a comunicação popular ilumina realidades invisibilizadas, mobiliza para a ação, educa para os direitos e celebra a cultura local.
Assim, a comunicação popular não apenas informa, mas transforma. Ela semeia futuros mais justos, onde todas as vozes têm espaço e onde a comunidade, unida, constrói sua própria história.
A comunicação popular é uma ferramenta de esperança. Ela não busca competir com a mídia tradicional, mas sim garantir que todas as vozes sejam ouvidas. Como dizia o educador Paulo Freire, "não há mudança sem diálogo" — e é isso que os comunicadores populares fazem: criam espaços de fala, escuta e transformação.
Quando a comunicação é feita com e para o povo, ela não apenas informa — ela liberta, une e transforma.









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