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Feminismo Camponês e Popular

Preservação Ambiental, Resistência e Igualdade no Campo

By: Valter Israel e Josineide Costa - 05/12/2024

O Feminismo Camponês e Popular surge no seio dos movimentos camponeses, respondendo às necessidades específicas das mulheres do campo. Este feminismo está profundamente enraizado nos contextos sociais, econômicos e culturais das zonas rurais, destacando-se por sua luta contra o patriarcado, o capitalismo e as formas de opressão associadas à colonização e à destruição ambiental.

Este movimento entende que as opressões de gênero estão interligadas a outras dimensões, como classe, raça, etnia, território e acesso aos recursos naturais. As mulheres camponesas enfrentam desafios específicos da vida rural, como a invisibilidade do seu trabalho e as barreiras no acesso à terra. O feminismo camponês é a crítica popular à relação entre o patriarcado e o capitalismo, sistemas que exploram tanto a natureza quanto as mulheres, especialmente em comunidades camponesas.

Além disso, o movimento combate o agronegócio, que frequentemente desloca comunidades rurais, destruição de ecossistemas e marginaliza as mulheres em nome do lucro. Nesse contexto, promove a soberania alimentar como forma de resistência, defendendo a produção de alimentos sustentáveis ​​e locais como um caminho para empoderar mulheres e comunidades. A agroecologia é central nesse processo, sendo vista como um modo de produção mais justo e equilibrado.

O papel das mulheres na produção de alimentos

As mulheres desempenham um papel essencial na produção de alimentos em diversas partes do mundo. Seu trabalho vai além das atividades agrícolas tradicionais, abrangendo dimensões sociais, econômicas e culturais que sustentam comunidades inteiras. Os principais aspectos do papel das mulheres incluem:

  • A Produção de subsistência e diversidade produtiva: As mulheres estão frequentemente envolvidos em culturas de subsistência, garantindo o alimento diário de suas famílias, tem um papel crucial no cultivo de diferentes espécies agrícolas, promovendo a biodiversidade, adotam práticas agroecológicas que conservam o solo e os recursos hídricos, integrando respeito ao meio ambiente, às suas atividades.

  • A geração de renda e economia local: Apesar das desigualdades salariais e do acesso limitado a recursos financeiros, as mulheres camponesas são importantes fontes de renda para suas famílias, elas protagonizam a venda de alimentos em feiras locais e regionais, fortalecendo economias comunitárias.

  • Elas são guardiãs do conhecimento e cultura alimentar: Desempenham um papel fundamental na seleção e conservação das sementes crioulas, essenciais para a soberania alimentar, mantêm práticas culinárias tradicionais e modos de preparo que preservam a identidade cultural e promovem a sustentabilidade.

  • Contribuição para a Soberania Alimentar: as mulheres são responsáveis ​​pela produção em pequenos sistemas agrícolas, impactando diretamente na produção da fome. Elas desenvolvem e incentivam a produção de alimentos variados e ricos em nutrientes, beneficiando comunidades inteiras.

Desafios enfrentados pelas mulheres na produção de alimentos

Apesar de sua importância, as mulheres enfrentam enormes desafios, incluindo: Pouco acesso a recursos: Terra, crédito agrícola, tecnologias e assistência técnica são mais difíceis de alcançar para mulheres do campo. Invisibilidade do trabalho: O trabalho agrícola feminino muitas vezes não é formalmente reconhecido nem remunerado.

Mobilização social e luta por direitos

Diante desses desafios, as mulheres buscam se organizar em movimentos sociais para lutar por seus direitos. Muitos assumem papéis de liderança em movimentos de soberania alimentar, reforma agrária e justiça ambiental. Lutam pela igualdade de gênero dentro do campo, fortalecendo seu papel estratégico na produção de alimentos e preservação da biodiversidade. Assim, constroem as bases do Feminismo Camponês e Popular.

Nesse contexto, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) promove eventos como o Encontro Nacional de Mulheres Camponesas, realizado em Salvador, na Bahia. Sob o lema:

"Camponesas do MPA: Abastecer, lutar, construir o Projeto Popular!"

Onde são debatidos temas como análise de conjuntura, feminismo camponês e popular, a construção do poder popular pelas mulheres e seu papel estratégico na sociedade.



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