Uso do celular em sala de aula:estamos preparados para essa conversa?
- Brajeiradas criação de cont.
- 23 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de dez. de 2024
By: Jaqueline Salvador
19/10/2024
Nos últimos anos, o uso de celulares em sala de aula tem gerado intensos debates entre educadores, gestores e alunos. A tecnologia, que pode ser uma aliada no processo de ensino-aprendizagem, também apresenta desafios significativos. Este artigo busca discutir os aspectos positivos e negativos do uso de celulares em ambientes escolares, abordando o despreparo dos educadores, a falta de informação e a dificuldade de acesso à internet de qualidade nas escolas públicas. Além disso, será feita uma análise à luz da teoria da aprendizagem significativa.
Os celulares oferecem acesso imediato a uma vasta gama de informações e recursos educacionais. Segundo Almeida (2018), essa democratização do conhecimento pode fomentar a autonomia dos alunos e enriquecer as discussões em sala de aula. A possibilidade de pesquisar em tempo real pode transformar a dinâmica de aprendizado, tornando-a mais interativa e centrada no aluno, tornando o mesmo em agente de sua aprendizagem.
Os aplicativos educativos disponíveis nos celulares permitem a interatividade, essencial para o engajamento dos alunos. Valente (2019) destaca que a interatividade pode potencializar a aprendizagem, pois promove um ambiente onde os alunos participam ativamente da construção do conhecimento. Ferramentas como quizzes e plataformas de colaboração podem, portanto, melhorar a motivação e a retenção do conteúdo, bem como proporcionar ótimas revisões dos conteúdos abordados em sala de aula.
A tecnologia possibilita também uma abordagem mais personalizada do ensino, onde cada aluno pode progredir em seu próprio ritmo. Silva e Souza (2020) afirmam que a personalização do aprendizado é crucial para a construção de uma aprendizagem significativa, uma vez que permite que os alunos conectem novas informações às suas experiências prévias, facilitando a assimilação.
Um dos principais desafios enfrentados nas escolas, infelizmente, é o despreparo dos educadores para integrar efetivamente os celulares ao processo de ensino-aprendizagem. Muitos professores não têm formação adequada para utilizar essas tecnologias de maneira pedagógica e um recurso que deveria estimular novas descobertas acaba sendo “mais um” recurso que não deu certo!Domingos (2021) ressalta que a falta de capacitação pode levar a um uso superficial dos dispositivos, reduzindo seu potencial como ferramentas educativas e ao total desinteresse por parte dos alunos.
Além do despreparo, a falta de informações ainda sobre as melhores práticas para o uso de celulares na educação pode limitar a eficácia de sua utilização. Muitos educadores desconhecem as ferramentas disponíveis ou as metodologias que poderiam enriquecer o aprendizado.Essa desinformação pode resultar em resistência ao uso da tecnologia, perpetuando práticas pedagógicas ultrapassadas.
A desigualdade no acesso à tecnologia é um fator que não pode ser ignorado. Em muitas escolas públicas, a conexão à internet é precária ou inexistente, o que limita a implementação de atividades que dependem da tecnologia, visto que, alguns alunos não possuem sequer o aparelho de celular, o que torna impossível uma prática pedagógica consistente. Perrenoud (2000) argumenta que a falta de infraestrutura adequada pode criar um ambiente de exclusão, onde alguns alunos se beneficiam das tecnologias enquanto outros são deixados para trás.
A aprendizagem significativa, conforme proposta por Ausubel (2003), enfatiza a importância de relacionar novos conhecimentos a conceitos já existentes na estrutura cognitiva do aluno. O uso do celular pode, em teoria, facilitar esse tipo de aprendizagem, desde que haja um planejamento pedagógico adequado e uma formação continuada para os educadores. Quando os professores são capacitados a integrar essas tecnologias de maneira crítica e reflexiva, o potencial de aprendizagem se amplia e toda comunidade escolar ganha com esse aprendizado.
O uso de celulares em sala de aula possui tanto aspectos positivos quanto negativos e embora ofereça oportunidades valiosas para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, a sua implementação enfrenta desafios significativos, incluindo o despreparo dos educadores, a falta de informação e a desigualdade no acesso à internet. Para que a aprendizagem significativa ocorra, é fundamental que as escolas promovam a formação contínua dos professores e invistam em infraestrutura tecnológica. Assim, será possível transformar o celular em um poderoso aliado no processo educativo.
Referências
● ALMEIDA, M. (2018). Educação e Tecnologias: O Que Sabemos Sobre a Aprendizagem com as Novas Mídias. São Paulo: Editora XYZ.
● DOMINGOS, R. (2021). Desafios da Educação Digital: Foco e Distração em Tempos de Conectividade. Rio de Janeiro: Editora ABC.
● LIMA, T. (2017). Desigualdade e Educação: O Impacto das Tecnologias no Acesso ao Conhecimento. Belo Horizonte: Editora DEF.
● PERRENoud, P. (2000). Construir a Competência: Uma Nova Abordagem à Formação. Porto Alegre: Editora GHI.
● SILVA, J., & SOUZA, L. (2020). Educação Personalizada: Desafios e Possibilidades no Uso de Tecnologias. Curitiba: Editora JKL.
● VALENTE, J. A. (2019). Interatividade na Educação: O Papel das Novas Tecnologias no Aprendizado. São Paulo: Editora MNO.
Muito importante esta reflexão, o momento é oportuno para este debate.
Super reflexão...