Você Conhece o "Efeito Rosenhan"? O Teste de Sanidade que Abalou a Psiquiatria
- Fabrício Barbosa 
- 6 de out.
- 2 min de leitura

By: Fabrício Barbosa
Data: 03/10/2025
Outro dia, enquanto eu lia um pouco sobre psicologia, me deparei com um dos estudos mais intrigantes e controversos do século XX. Ele me fez refletir bastante sobre a forma como julgamos os outros e o poder dos rótulos.
Estou falando do "Efeito Rosenhan", um experimento que, de tão ousado, parece até roteiro de filme.
O Desafio: Distinguir o São do Insano
O psicólogo de Stanford, David Rosenhan, em 1972, queria testar uma ideia simples que nos parece senso comum: será que os profissionais de saúde mental conseguem realmente distinguir uma pessoa sã de uma doente dentro de um hospital psiquiátrico?
Ele e mais sete voluntários perfeitamente saudáveis – os "pseudopacientes" – concordaram em fazer uma coisa radical: se infiltrar em hospitais. A única coisa que fariam para conseguir a internação seria reclamar de um sintoma: ouvir vozes vagas dizendo as palavras "oco", "vazio" e "baque". Fora isso, agiriam como fariam na vida normal.
O que você acha que aconteceu?
O Poder do Rótulo
O resultado é de arrepiar: todos foram admitidos. A maioria recebeu o diagnóstico sério de Esquizofrenia.
O mais perturbador, para mim, não é a admissão em si. Afinal, a psiquiatria precisa ser cautelosa. O espanto veio depois.
Assim que entraram, os voluntários pararam de fingir o sintoma e começaram a agir normalmente. Tentavam interagir com a equipe, liam livros, faziam anotações (com a desculpa de estarem escrevendo um diário).
Mas a equipe médica... nunca desconfiou de nada.
O Efeito Rosenhan demonstrou que, uma vez que o rótulo de "doente mental" é grudado na testa, ele funciona como uma lente que distorce a realidade. Comportamentos comuns foram interpretados como sintomas:
- Anotar no diário? "Comportamento de escrita obsessivo". 
- Ficar em pé na porta na hora do almoço? "Manifestação de ansiedade". 
O voluntário não estava são; ele estava, na melhor das hipóteses, "em remissão" da sua esquizofrenia. Eles ficaram internados por dias ou semanas, e só saíram com o diagnóstico de uma doença crônica.
A Ironia da Sanidade

O detalhe que realmente me fez parar foi quem, de fato, identificou a farsa: os outros pacientes!
Em vários casos, foram os pacientes reais que disseram aos infiltrados: "Você não é louco. Você é um professor, está investigando a gente." É uma ironia cruel: os únicos capazes de distinguir a sanidade eram aqueles que o sistema chamava de "insanos".
Claro, o experimento de Rosenhan não é perfeito e enfrenta críticas sobre sua metodologia até hoje. Mas a lição fundamental permanece poderosa: Os rótulos que damos às pessoas têm um peso imenso.
Minha reflexão é simples: Se é tão fácil rotular alguém como doente, e se é tão difícil remover esse rótulo depois, o quanto estamos sendo justos?

O Efeito Rosenhan nos lembra de olhar além dos diagnósticos e rótulos. Ele nos convida a focar no indivíduo, no seu comportamento real e, acima de tudo, a duvidar da nossa própria certeza. Afinal, a linha entre a sanidade e a loucura pode ser traçada mais pelo ambiente do que pela própria pessoa.
E você, já tinha ouvido falar desse experimento? O que essa história te faz pensar sobre os rótulos que usamos no dia a dia?








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de médico e de louco todos temos um pouco...