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Você Conhece o "Efeito Rosenhan"? O Teste de Sanidade que Abalou a Psiquiatria

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By: Fabrício Barbosa

Data: 03/10/2025


Outro dia, enquanto eu lia um pouco sobre psicologia, me deparei com um dos estudos mais intrigantes e controversos do século XX. Ele me fez refletir bastante sobre a forma como julgamos os outros e o poder dos rótulos.

Estou falando do "Efeito Rosenhan", um experimento que, de tão ousado, parece até roteiro de filme.


O Desafio: Distinguir o São do Insano


O psicólogo de Stanford, David Rosenhan, em 1972, queria testar uma ideia simples que nos parece senso comum: será que os profissionais de saúde mental conseguem realmente distinguir uma pessoa sã de uma doente dentro de um hospital psiquiátrico?

Ele e mais sete voluntários perfeitamente saudáveis – os "pseudopacientes" – concordaram em fazer uma coisa radical: se infiltrar em hospitais. A única coisa que fariam para conseguir a internação seria reclamar de um sintoma: ouvir vozes vagas dizendo as palavras "oco", "vazio" e "baque". Fora isso, agiriam como fariam na vida normal.

O que você acha que aconteceu?


O Poder do Rótulo


O resultado é de arrepiar: todos foram admitidos. A maioria recebeu o diagnóstico sério de Esquizofrenia.

O mais perturbador, para mim, não é a admissão em si. Afinal, a psiquiatria precisa ser cautelosa. O espanto veio depois.

Assim que entraram, os voluntários pararam de fingir o sintoma e começaram a agir normalmente. Tentavam interagir com a equipe, liam livros, faziam anotações (com a desculpa de estarem escrevendo um diário).

Mas a equipe médica... nunca desconfiou de nada.

O Efeito Rosenhan demonstrou que, uma vez que o rótulo de "doente mental" é grudado na testa, ele funciona como uma lente que distorce a realidade. Comportamentos comuns foram interpretados como sintomas:

  • Anotar no diário? "Comportamento de escrita obsessivo".

  • Ficar em pé na porta na hora do almoço? "Manifestação de ansiedade".

O voluntário não estava são; ele estava, na melhor das hipóteses, "em remissão" da sua esquizofrenia. Eles ficaram internados por dias ou semanas, e só saíram com o diagnóstico de uma doença crônica.


A Ironia da Sanidade

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O detalhe que realmente me fez parar foi quem, de fato, identificou a farsa: os outros pacientes!

Em vários casos, foram os pacientes reais que disseram aos infiltrados: "Você não é louco. Você é um professor, está investigando a gente." É uma ironia cruel: os únicos capazes de distinguir a sanidade eram aqueles que o sistema chamava de "insanos".

Claro, o experimento de Rosenhan não é perfeito e enfrenta críticas sobre sua metodologia até hoje. Mas a lição fundamental permanece poderosa: Os rótulos que damos às pessoas têm um peso imenso.


Minha reflexão é simples: Se é tão fácil rotular alguém como doente, e se é tão difícil remover esse rótulo depois, o quanto estamos sendo justos?

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O Efeito Rosenhan nos lembra de olhar além dos diagnósticos e rótulos. Ele nos convida a focar no indivíduo, no seu comportamento real e, acima de tudo, a duvidar da nossa própria certeza. Afinal, a linha entre a sanidade e a loucura pode ser traçada mais pelo ambiente do que pela própria pessoa.

E você, já tinha ouvido falar desse experimento? O que essa história te faz pensar sobre os rótulos que usamos no dia a dia?

 


1 comentário


Convidado:
09 de out.

de médico e de louco todos temos um pouco...

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