top of page

A Geração Plugada: O Guia de Telas e a Urgência da Cidadania Digital

ree

By: Fabrício Barbosa

Data: 12/10/2025


Vivemos em um país que se conecta cada vez mais. Em 2024, 93% das crianças e adolescentes já acessavam a internet. A tela, antes um luxo, virou uma extensão do corpo e da vida social. Mas o que isso significa para o desenvolvimento cognitivo, emocional e a saúde mental de uma geração inteira?

O novo Guia sobre Usos de Dispositivos Digitais, lançado pelo Governo Federal - (https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/uso-de-telas-por-criancas-e-adolescentes/guia), joga uma luz crucial sobre esta questão, transformando a conversa sobre o "tempo de tela" de um mero debate familiar para uma questão de responsabilidade compartilhada entre a família, a sociedade, as empresas e o Estado.

O documento, que reúne evidências científicas e a escuta de especialistas, educadores e dos próprios jovens, chega com algumas pílulas difíceis de engolir e provocações essenciais para o "Pimentorium" que somos:


O Espelho Que os Adultos Não Querem Quebrar



ree

O primeiro e mais incômodo ponto é o nosso próprio comportamento. O uso excessivo de telas por adultos é um dos maiores fatores que contribui para o uso precoce e problemático pelas crianças. Somos o modelo. Como exigir detox digital de um filho se a referência é um pai ou mãe que mal tira os olhos do celular?.

O Guia é categórico: o uso problemático ou excessivo já está associado a atrasos no desenvolvimento cognitivo, emocional e de linguagem. Portanto, o problema não é a ferramenta, mas a lógica que a sustenta: a maioria das redes sociais sequer foi projetada para o público infantojuvenil, mas sim com padrões que estimulam o uso prolongado e potencialmente viciante.


As "Regras de Ouro" Que Provocam Debate



ree

O Guia propõe diretrizes claras, pautadas na proteção integral e na autonomia progressiva da criança e do adolescente:

  1. Atenção à Primeira Infância: Não se recomenda o uso de telas e aparelhos digitais para crianças menores de 2 anos, salvo para videochamadas acompanhadas por um adulto.

  2. O Smartphone Não É Brinquedo: Crianças (antes dos 12 anos) não devem possuir celulares do tipo smartphone próprios. O Guia afirma que quanto mais tarde se der essa aquisição, melhor. A pressão social para ter o dispositivo próprio deve ser combatida pela família e pela escola.

  3. Na Escola, Foco no Aprender: O uso não pedagógico de dispositivos digitais, como celulares e tablets, no ambiente escolar é prejudicial ao aprendizado e já é proibido por Lei Federal (nº 15.100/2025). O recreio deve ser preservado para a socialização e o movimento, e não para o isolamento digital.


Do Controle à Mediação


O caminho sugerido não é a proibição autoritária, mas a mediação familiar: o acompanhamento e o diálogo aberto. As regras de uso devem ser claras e construídas com a participação dos filhos, especialmente na adolescência, quando a busca por privacidade é legítima e crucial.


ree

Em última análise, o Guia nos convoca a uma reflexão mais ampla: a luta não é contra a tecnologia em si, mas pela cidadania digital. Trata-se de garantir que o acesso ao digital seja uma ferramenta de provisão, participação e proteção, e não um espaço de risco ou de isolamento. É um dever que nos cabe a todos, antes que as telas consumam o que há de mais essencial na infância e na adolescência:


"O direito de ser gente, no mundo on e off-line."



Comentários


bottom of page